quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Ucrânia concede bolsas de estudo aos moçambicanos


A Embaixada da Ucrânia em Moçambique (com residência em Luanda) informa que o Governo da Ucrânia tomou a decisão de outorgar à República de Moçambique as bolsas de estudo nos estabelecimentos de ensino superior do Ministério de Educação e Ciências, Juventude e Desportos da Ucrânia nas seguintes condições:

A parte moçambicana responsabilizar-se-á pelas despesas de transporte (bilhete de ida e volta); pagamento de estudo no curso preparatório (1500 dólares); hospedagem na residência estudantil (50 dólares mensais); seguro médico para casos de emergência (100 dólares anuais); seguro da responsabilidade no caso de deportação (100 dólares).

A parte ucraniana garante aos bolseiros a bolsa integral completa no ensino superior (5 ou 6 anos) e o pagamento de bolsa mensal no valor equivalente aos 65 dólares americanos.

Os documentos de candidatos para participarem neste programa devem ser enviados ao Ministério da Educação da Ucrânia até o dia 1 de Agosto de 2013.

Os documentos necessários para aprovação da bolsa (decisão da Embaixada da Ucrânia):

1) Nome completo do candidato; 2) Data e local de nascimento; 3) Nacionalidade; 4) País de residência; 5) Número do passaporte; 6) Especialidade escolhida (excluindo medicina).

Importante! Cada candidatura individual ou grupo de candidatos devem apresentar a Carta de recomendação passada pelo Ministério de Educação de Moçambique e Certificado sobre a conclusão dos estudos secundários completos (12ª ou equivalente). Notas acima dos 10 valores e a participação nas Olimpíadas (Jornadas) científicas ajudarão na concessão da bolsa.

Contactos em Moçambique: e-mail: african@mail.ru, cel. 82 8798460

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ele é sim Principe, mas fazer isso com os Negros devia recusar!!!!

O Príncipe William nas Ilhas Salomao...semana passada!!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O Primeiro Aniversário de um Homem Casado

Aprendi com o tempo que quanto mais velhos ficamos mais bobos nos tornamos. Passamos a valorizar coisas sem sentido e sentimos falta de algo impossível.

O meu aniversário neste ano foi uma mistura de situações, como aquelas que as pessoas sentem quando querem ir, mas devem ficar e, ao mesmo tempo, querem ficar mas devem ir. É tudo uma mistura de emoções, alegrias, frustrações e aspirações. Tudo isso fruto do tradicional ritual para os aniversariantes.

Se tudo é bom para quem faz anos, então é melhor para quem tem família. Eu sou um homem casado e bem casado. A minha esposa esperou com alegria contando cada último minuto da noite do dia 26 de Agosto para ver chegar a madrugada do dia 27 e encher-me de beijos e mimos. Ela quis ser a primeira a dizer me parabéns e conseguiu.

Afinal não são todos os dias em que fazemos anos. E penso que para ela valeu a espera, e eu amei estar nos braços dela naqueles primeiros minutos do dia que me viu nascer. É assim que aos poucos as pessoas se libertam do cordão umbilical e começam suas próprias vidas.

Começar sua própria vida significa libertar-se das correntes das aspirações de terceiros. Significa não viver o sonho dos outros, não realizar o plano dos outros, não dançar a música dos outros nem suportar o peso dos outros. Os seres humanos não podem ser felizes se não se libertarem dos seus próprios umbigos. Muitos se esquecem que a felicidade baseada nisso e no ser a primeira ou a última bolacha do pacote pressupõe que sejas nada mais que migalhas.

O amanhecer acordou as crianças. Senti o carinho das minhas duas crias quando inocentemente cantavam: “parabéns a você…pai”. Percebi que tinha havido um grande trabalho da mãe deles para as ensaiar o canto. Mais uma beleza de sermos uma família.

Mas como o dia era de trabalho eu tinha que ir. Foi então que recebi centenas e centenas de mensagens, no celular, no facebook, nos e-mails etc. Mais do que ter uma família o homem deve ter amigos e isso deixou-me muito feliz. Posso afirmar que tenho amigos.

Quando terminei o dia voltei a casa, aos braços da família. Para minha surpresa o jantar foi a luz de velas e um bolo estava no centro da mesa ornamentada. Tudo preparado com o mínimo detalhe para agradar ao aniversariante. Vale a pena ser casado.

E como não há aniversário sem presente, eu recebi da minha querida esposa um BlackBerry!! Devo lembrar que fora as mensagens, este foi o único presente material que recebi. Não esperaria outro melhor, alias, nessas coisas conta mais o carinho e o amor e não a coisa em si.

Este foi o meu primeiro aniversário depois de em Junho ter me casado e percebi que a partir daqui, a minha vida jamais será a mesma. Descobri que estou caminhando para centenas de surpresas que rezo sejam todas agradáveis. A partir daqui aprendo a valorizar as coisas sem sentido e a sentir falta de coisas impossíveis. Começo a perceber o valor da família e sobretudo dos sacrifícios que fazemos dia e noite para agracia-la com tudo de bom e de melhor.

Porque nem tudo é um mar de rosas, não temo o pior nem os males que virão. Aos males que no futuro me vierem, remeto-os a Bíblia que diz: “basta a cada dia o seu mal”.

Muito obrigado minha família, muito brigado meus amigos e todos que me desejam mais vida e mais saúde. Basta-me isso para lutar e vencer!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A Propaganda Política, os Papagaios, os Fantasmas e a Manipulação da Opinião Pública


Parte 2

As eleições autárquicas de 2008 e as eleições gerais de 2009 definitivamente chamaram a atenção dos políticos a um público emergente que até então era na arena política ignorado: os cibernautas!

O bum dos blogs e redes sociais entre meados da década passada não tinha constituído uma mais-valia ao apelo político nem foi visto como um instrumento para a propaganda política, afinal de contas, estavam em alta as novas televisões que acabavam de quebrar a hegemonia da TVM e aos poucos se alastravam pelo país fora. Assim também cresciam as rádios FMs nas principais cidades do país e os jornais que se diziam independente, no mesmo período, se multiplicavam de forma aliciante. Quem podia controlá-los tinha a maior parte do público para garantir suporte.

Entretanto, avitória de DavizSimango nas autárquicas da Beira em 2008, bem assim como, o grande debate que essa vitória levantou nos blogs, nas páginas da internet e sobretudo nas redes sociais, onde uma parte dos jovens urbanos já se fazia presente, principalmente no facebook, que aos poucos suplantava o hi5 e “companhia”, significou uma oportunidade de afirmação política de uma outra camada de jovens que não tinha muita expressão nos movimentos organizacionais e reuniões das juventude partidária.

Em grande medida, jovens de vários municípios distantes da Beira simpatizavam-se com a vitória de DavizSimango que acima de ser uma vitória normal de um simples Edil, constituía um uma vitória sobre o domínio prepotente da Renamo e da Frelimo nos escrutínios nacionais, já que ele, nessas eleições, concorrera como independente. Todavia, mais do que um apoio ao Daviz, esses jovens apoiavam sim a mudança, a alternância na governação e a inclusão de novos actores na arena política nacional.

O facto veio a repetir-se nas eleições gerais de 2009, onde depois de conturbadas validações de candidaturas para as legislativas a vitória foi maioritária para a Frelimo e para o seu Candidato Armando Guebuza. Contudo, marco curioso foi que, o Candidato da Frelimo, Armando Guebuza, perdera relativamente a favor de DavizSimango em algumas mesas de votação na zona de cimento da cidade de Maputo, incluindo onde ele mesmo teria votado.

Estava claro que a maior parte dos votantes nesses locais e outros locais também de cimento ao longo do país era indubitavelmente composta por jovens e por um grupo de recém- adolescentes que votavam pela primeira vez. Um cruzamento nas bases de dados do Instituto Nacional de Estatística revela que o número dos novos votantes vai crescendo a cada ano, sem contudo, isso significar a redução das abstenções.

É a partir daqui que o campo virtual começa a chamar a atenção especial dos políticos e principalmente dos partidos políticos mais expressivos no país, naquela altura. Surgem imediatamente páginas virtuais dos tais partidos e páginas virtuais de seus representantes. Os principais líderes políticos do país começam a criar seus perfis nas redes sociais e virtualmente começam a interagir de forma mais directa com aquele público constituído por jovens cibernautas. O mundo virtual deixou de ser indiferente aos políticos, ou, pelo menos, estes deixaram de ser indiferentes em relação ao mundo virtual.

Entretanto, sempre ficou claro que a percentagem dos votos oferecidos pelos jovens cibernautas, não era suficiente para fazer grande diferença, principalmente quando se trate de eleições presidenciais e legislativas. Mas podem fazer grande diferença nas eleições municipais. Deve ser por isso que os partidos políticos, interessados no poder, a partir de certa altura, começaram a dar uma especial atenção a esse grupo de jovens e as suas redes de contacto.

A promoção de jovens políticos com habilidades de granjear atenção e produzir debates nas redes sociais foi notória tanto a nível do Governo assim como a nível municipal e partidário. A palavra desses jovens outrora críticos ao sistema passou a harmonizar-se com o discurso das novas fileiras abraçadas e, novas técnicas de sobrevivência tinham que ser criadas, sendo uma delas dividir para reinar e a outra a humilhação dos seus opositores.

Como em qualquer irmandade, os novos convertidos, buscando estabilidade e respeito, voluntariamente ou não, submetem-se a testes de coragem, fidelidade e criatividade. Repudiam completamente o seu passado e glorificam como a um salvador a sua nova liderança. Manifestam publicamente que assumiram novas crenças e que o passado não passa disso. A partir dai, o comportamento políticoé outro e exemplos disso não faltam no nosso contexto.

Os cibernautas também conseguem ultrapassar as barreiras do tempo, das distâncias e as formalidades exigidas em alguns fóruns de debate. Estão em todos os lugares em todos os momentos. Em certa medida, acabam sendo um dos grandes instrumentos para a promoção da política externa nacional, na medida em que estão no constante diálogo com a diáspora e outros actores políticos no mundo. A sua campanha e propaganda política passam a ser permanentes e sem muitos impedimentos legais.

Entretanto, ficam gravadas as incursões pouco elegantes dos papagaios e dos fantasmas, que aproveitando-se dos meios que a tecnologia oferece, abdicam de contribuir de forma isenta na construção de uma moçambicanidade cada vez mais responsável, participativa e inclusiva, para dedicarem-se a subversão da informação e ao linchamento público dos seus opositores para acima de tudo granjearem a auto promoção no veiculo da mídia dominante.

O poder, como veio a mostrar-se em 2009 e 2010, ensaiou manobras de controlo do uso dos celulares. Se era fácil controlar os conteúdos noticiosos e de opinião que podiam ser passados nas rádios e televisões, bem assim como manipular a escolha dos respectivos intervenientes nesses espaços, difícil era controlar a origem e o “esquema” de disseminação de informação por via de celular, alias, maioritariamente, os jovens que fazem parte das redes sociais, usam o celular, (os tais “smart”), para terem acesso ao mundo e também, para a ele se exporem.

O celular, com todas as facilidades que oferece, olhando para o número dos seus utentes no país, de longe ultrapassa o público que pode ser atingido pelas TVs tanto por cabo como por satélite, facto que o coloca como um importante instrumento de propaganda. Diga-se de passagem que não só o celular é um importante meio de propaganda, mas também as empresas de telefonia móvel, até porque, para além de todas serem directamente controladaspelo poder, uma delas, em parte, pertence a um dos mais importantes partidos do país.
Continua…

A Propaganda Política, os Papagaios, os Fantasmas e a Manipulação da Opinião Pública


Parte 1

As manifestações populares de 5 de Fevereiro de 2008 influenciaram o comportamento dos principais partidos políticos moçambicanos no que tem a ver com o seu modus operandina abordagem da opinião pública. A caminhada para as Eleições Autárquicas desse mesmo ano e as Eleições Gerais de 2009 viriam de alguma forma a ser o palco de teste de novas metodologias na abordagem dos manifestos e na angariação das massas.

Os manifestados populares de 5 de Fevereiro, teriam sido convocadas por via de sms distribuídas por celular. Nessa época, as duas principais companhias de telefonia móvel estavam a competir na distribuição gratuita de SMS Short MessageService” (Serviço de mensagens Curtas), o que de certa forma “facilitou e financiou” toda a estratégia das manifestações e que olhando para as consequências, teriam surtido o efeito dos seus promotores.

O MISA Moçambique e o Centro de Integridade Pública, emitiram dias depois, um comunicado de imprensa repudiando a forma pujante com que o Governo controlou os órgãos de comunicação social públicos e privados. A censura da transmissão de imagens pelas principais televisões teve início por volta das 9 horas do dia 5 de Fevereiro, quando a STV deixou de mostrar as imagens das manifestações e começou a passar uma novela e a TVM passou a transmitir reportagens sobre o CAN. Nas horas seguintes nenhuma outra imagem sobre as manifestações teria sido passada e nas notícias da noite, somente alguns trechos foram repetidos pela STV.

Fontes em contacto com o MISA e com o CIP confirmaram que os responsáveis pelas emissões na TVM e na STV teriam recebido “ordens superiores” para vigiar “conteúdos noticiosos subversivos”. Os repórteres da Rádio Moçambique “que se encontravam em vários pontos das cidades de Maputo e Matola foram obrigados a interromper as reportagens em directo”. O Jornalista Emílio Manhique teria convidado no dia seguinte as manifestações, o sociólogo Carlos Serra ao seu programa “Café da Manhã”, Serra recebeu informações que o programa teria sido cancelado e, no dia do programa passou na RM um outro sobre o HIV e SIDA.

A nível dos blogs, das páginas da internet e nalguns grupos de e-mails, um pequeno exército de “papagaios” foi criado para inverter a verdade dos factos e rotularem de oportunistas, vândalos, subversivos, apóstolos da desgraça e desordeiro todos os manifestantes. Nesses grupos chegou-se a afirmar que as manifestações teriam sido convocadas por “mão externa”.

O mesmo exército de “analistas papagaios”, foi criando e difundindo mensagens ridicularizantes contra analistas que não se tinham alinhado ao pensamento que pretendeu calar a mídia e o discurso dos manifestantes. Para quem não sabe o que significa “analista papagaio” deixo ficar um conceito elucidativo: “é analista papagaio, aquele que deliberadamente aliena sua consciência para dar lugar a uma repetição em série, de ideias preconcebidas e orientadas a partir de uma determinada sede com vista a ridicularizar e descredibilizar a pessoa e a mensagem dos seus opositores, assim como para manipular a opinião pública. A repetição em série das ideias orientadas, acontece usando como recurso os canais televisivos, as rádios, as redes sociais, os blogues, os sites e outros meios de comunicação social.”

Facto curioso é que nas vésperas dasEleições Autárquicas acontecidas em Outubro de 2008, as várias redacções das TVs e Rádios começaram a receber listas de quem devia ser convidado como comentador e quem não devia ser convidado. Foi assim que surgiu uma nova rede de comentadores jovens, sendo muitos deles os tais analistas papagaios acima descritos. De onde vinham as listas? Elas vinham das principais sedes partidárias e gabinetes de alguns ministros.

Assim foi feito o debate pós 5 de Fevereiro, assim foi feito o debate da pré campanha nas Eleições Autárquicas de 2008 e assim foi preparada a précampanha, a campanha e o debate eleitoral de 2009. Afinal tudo tinha a ver com o poder. Era preciso controlar a informação que era veiculada no país, era necessário saber quem a difundia, de onde a difundia e quais eram os interesses que orientavam essas informações. Aqui começou a formar-se uma nova forma de estar no que tem a ver com a política. Inventaram-se novas formas de propaganda e foram gerados os analistas fantasmas.

Os analistas fantasmas viriam a ser uma reprodução infinita dos analistas papagaios. Deixe-me construir o conceito de um analista fantasma: “o analista fantasma é aquele que, sendo reprodução do analista papagaio, ou reprodução de um outro analista fantasma e, embora com a mente alienada, somente existe no mundo virtual e emite mensagens e informações com a mesma finalidade do analista papagaio. Contudo, nem sempre o analista fantasma é alinhado ao papagaio, na verdade, ele também pretende dar ao público a percepção de que existe um palco com diversidade de opinião e diversidade de “opinionmakers”.

Piores que os analistas papagaios, sãos os analistas fantasmas que fisicamente não existem, não possuem ideias próprios, porque não existem e nessa qualidade não podem ser, a olho nu, vistos, contactado ou responsabilizados e por isso, são eles, devastadores, gladiadores, mal criados e seguidores acérrimos dos analistas papagaios, ou seja, acérrimos seguidores de si mesmo, porque na verdade, o analista fantasma é a versão virtual do analista papagaio.

Para acomodar essa nova onda de recrutas (entenda-se dos papagaios), novas vagas foram criadas nas sedes, nos municípios e em algumas direcções, sejam elas municipais, distritais, provinciais ou mesmo nacionais. E para alem de se promoverem os tais recrutas, também se empregaram e difundiram-se com veemência a ideia da recompensa de quem se alinha. Festas familiares e convívios de grupos passaram a servir de palcos de ostentação dos benefícios ganhos nas novas fileiras recrutadas e alinhadas para controlar e manipular a informação e a opinião pública.

Aqui sobressaiu uma nova forma de pensar e fazer a propagada política. A propaganda, um meio, que no passado foi bastante explorada pelo nazismo e pelo comunismo, para criar medo e terror, para criar ódio contra pessoas de crenças e opiniões diferentes, para criar um falso valor de superioridade, de segurança e estabilidade, para lembrar a grandeza e as conquistas do passado e do presente, para rebaixar os inimigos, para divinizar o líder e acima de tudo para manipular a informação e a opinião pública passou a ser o instrumento dos analistas papagaios e principalmente dos analistas fantasmas.

Os analistas fantasmas, repetindo incansavelmente as ideia dos analistas papagaios e sobretudo os objectivos das sedes, atacam osseus contrários, através da criação de bodes expiatórios, desaprovando ideias contrárias, rotulando e ridicularizando os analistas não-alinhados, simplificando a forma de debate, produzindo conceitos vagos e apelando a emoção dos participantes. Com a finalidade de se engrandecerem cada vez mais, os analistas papagaios e os fantasmas usam a técnica do auto elogio e promoção mútua de forma abnegada e chegam a transformar os vários espaços de debate público em puteiro em tempos de orgias.
Continua…

terça-feira, 15 de maio de 2012


Mais Cadeias? E depois??
They won't build no schools anymore
All they build will be prisons, prisons!

Lyrics by Luck Dube

Eu sou contra a prisão e a favor da liberdade. Aliás, em tempos defendi publicamente uma comprovada falência do sistema penitenciário actualmente vigente no mundo, por ser desumano, degradante, incapaz de ressocializar o cidadão, multiplicador de delinquentes e ainda por cima bastante oneroso ao Estado.
Acredito que a evolução cientifica hoje, sugere aos fazedores de políticas públicas, novas formas de restringir a liberdade dos infractores. A prisão domiciliária e as pulseiras electrónicas de monitoramento são provas da constante busca de alternativas a essa instituição falida.
Moçambique está a ensaiar a aprovação de um novo Código Penal que de entre várias matérias apresenta um ambicioso projecto de medidas e penas alternativas a prisão. Este ensaio, não passa de um reconhecimento tácito das premissas que acima mencionei. Gasta-se com os impostos pagos por cidadãos honestos, o equivalente a cerca de três salários mínimos para manter um único cidadão desonesto na prisão.
Enquanto isso, aqueles que trabalham duro, dia e noite, dedicando-se honestamente a produzir riqueza para o país, ganham por mês, três vezes menos que o que o Estado moçambicano gasta com cada recluso no mesmo período e mesmo assim, são esses honestos trabalhadores que devem pagar a conta daqueles.
Entretanto, mais do que reconhecer a falência do actual sistema penitenciário, ou mais do que buscar novas medidas e novas penas que possam servir de alternativas a prisão, pelo menos para alguns casos, é preocupante o crescente investimento para a construção de novas cadeias e calabouços.Algumas dessas novas construções sem o mínimo de condições para garantirem o respeito pelos Direitos Humanos.
Em Moçambique, acima de 60% dos condenados possuem idades entre 16 a 25 anos de idade. A população prisional moçambicana é maioritariamente jovem. Maioritariamente com estudos até quinta classe (5 classe), provenientes da periferia e normalmente condenados por cometerem crimes contra o património. Não precisamos ter dotes especiais para percebermos que a principal causa dessa delinquência relaciona-se com a miséria e as precárias condições de vida dos visados.
Por consequência, as prisões moçambicanas são superlotadas, albergando o triplo do que a sua capacidade poderia. É na busca de soluções para a superlotação que surge o contexto da construção de novas cadeias, o que para mim parece um desvio de causalidade ou mesmo ignorância da real causa a combater. A solução para as prisões não está na construção de novas cadeias, mas nas políticas públicas. Ou seja, em vez de alargarmos o espaço para aprisionar, vamos evitar que muitos se aprisionem.
Em Moçambique, aquela percentagem de jovens que superlotam as nossas prisões foram maioritariamente levados a delinquência pela pobreza e pelo desemprego que os aflige. É verdade que há muito pobres e desempregados que não são criminosos, todavia, a condição de desempregado e de miserável não deixa de motivar a práticas criminosas, ainda mais quando a sociedade difunde e elogia um capitalismo consumista e exibicionista, onde as pessoas valem ou são respeitadas consoante a sua capacidade de compra ou simplesmente de liquidez.
Este cenário pode ser modificado com novas políticas de emprego e distribuição de renda. Um país onde muitos são desempregados, onde mais de metade dos empregados ganha somente um salário mínimo e onde muitos são realmente pobres e miseráveis não pode evitar que os seus jovens se transformem em delinquentes. Não se pode prever o próximo comportamento de um jovem pai esfomeado ou de uma jovem mãe desempregada e com crianças doentes.
Proponho mea contribuir mais na ocupação dos jovens ou dos mais propensos a delinquência do que a construir mais cadeias para eles. Com mais escolas, mais parques de diversão, mais campos de futebol, mais promoção de emprego e actividades culturais menos delinquentes jovens teremos. Uma política para retirar das ruas as crianças que nelas vivem previne o futuro de mais delinquentes.
Acredito como solução para a delinquência na maior distribuição de renda e na massificação de maior qualidade de vida para as pessoas. Sem emprego, sem escola, sem lazer e sem segurança pública, até as penas e medidas alternativas a prisão não serão eficazes dado que a reincidência fará com que que as pessoas façam, justiça pelas suas próprias mãos.  

terça-feira, 13 de março de 2012

Hoje acordei pensando no DESPERTAR!

DESPERTAR, é um conceito filosófico multifacetado. Prefiro pensar que despertar é ressuscitar, na medida em que para quilo que nós desconhecemos estamos completamente mortos. Quando não sabemos estamos mortos e ressuscitamos quando nos aproximamos a verdade.
Hoje, para além de despertar do meu sono nocturno, fiquei pensando na ressurreição que precisamos para a realidade e para a verdade do contexto sócio politico em que vivemos neste país. Um país onde muitos dormem, na verdade onde muitos estão mortos e inocentemente se deixam comer pelas vermes da destruição.
A nossa consciência é muitas vezes influenciada pelo colectivo. Mas o torna uma consciência colectiva existir? Qual é o lema que rege a consciência dessa ordem nacional que nós pregamos, defendemos e abraçamos? Quase nunca chegamos na essência da resposta. Vivemos uma realidade superficial desenhada para entreter, enquanto os vermes consomem os corpos sonâmbulos da maioria.
Despertar é perceber que vermes vivem a nossa custa. É sentir a dor na pele. É sentir o correr desses vermes ao coração, ao amago da nossa essência para eternamente privar nos do existir. Despertar é parar esses vermes, expurga-los! Parar de morrer e começar a viver!
Afinal de contas, acima dessa consciência nacional que todos pensamos existir, subsiste uma outra. Subsiste uma consciência universal que forma a essência humana e nos conecta ao universo. Essa consciência, composta por todas as formas de vida é que alimenta a existência visível e a invisível através da sua eternidade. É aqui que descobrimos que somos eternos. Sim, que a humanidade é eterna, desde que ela ressuscite, ou pelo menos DESPERTE.
Pensar no conceito de vida remete-nos a realidades diferentes quando reflectimos antes e depois de despertar. Para quem continua preso na consciência colectiva inventada pelos vermes predadores a vida não passa de uma momentânea existência coroada pelo aparato dos bens luxuosos e prazeres carnais. Entretanto, aquele que desperta do sono da sua existência define a vida como a extensão da consciência universal que dura para sempre.
Definir a vida depois de despertar conecta toda a nossa finitude na magnitude do universo e mais uma vez nos transportamos a essência dos valores que tornam tudo uma unidade eterna de verdades e liberdades. Despertar é chegar a uma dimensão em que começamos a perceber o que na verdade somos como humanos e como cidadãos.
Vermes que de prémios em prémios, galas em galas, honoríficos em honoríficos passeiam suas vestes de púrpura em tapetes dourados de sangue e se apregoam os benfeitores, os salvadores, os libertadores, os pais, os heróis e os únicos clarividentes desta nação. Usaram sua astúcia através de matérias sociais psicotrópicas, adormeceram esta nação no sono existencial e acariciam os jovens no leito da sua morte.
Vermes que evidenciam a pujança da aparência, que divinizam a beleza física e corporal, destacam a posse como a única forma de realização pessoal, conduzem a nação ao abismo do consumismo e geram uma população carente, dependente, egoísta, mesquinha e selvagem.
A realização apregoada consiste em esconder as suas dores, o vazio humano e o desconhecimento do universo através da dominação do próximo. Gente que segue vermes, perdidos na imensidão da vida oprimem para sobreviver. Mentem uma certa felicidade para continuar a existir fisicamente. Verdadeira podridão escondida na mentira e a cada dia asfixiam a nação com doenças mentais.
Enquanto isso milhares de almas são sufocadas para alimentar uma dezena de egoístas. Centenas de jovens são mortos para sustentar a mentira dos vermes. Crianças e mulheres são usadas como pretexto para mais dinheiro angariar. E guerras, guerras são criadas para atormentar as pessoas. Uma ordem que parecia justa, esconde décadas de sangue inocente derramado para justificar a nação.
Despertar é colocar o dedo na ferida desta nação. Despertar é apertar o frúnculo desta geração, despertar é dizer basta e correr com a lança em direcção ao coração do verme mor. Há que libertar as mentes para salvar a nação.
Há que ressuscitar. Há que despertar para nós mesmos e percebermos que a essência humana vale mais que os simples manjares, que a vida em si, possui maior valor que todo o aparato de vestes e posses materiais. Há que despertar, ressuscitar para a vida e compreender que só somos eternos quando nos conectamos com as outras formas de vida que formam os pilares do universo.
Há que DESPERTAR companheiros!!